Em conversas durante a sala de aula os assuntos são os mais variados. Ainda mais numa turma de Comunicação Social! E adivinhem sobre o que estávamos falando esses dias? Sobre as Cantigas de Ninar e Cantigas de Roda! Que tema singelo para um post no blog, não?
Singelo mesmo?! Ou nossa percepção foi tão longe que notamos uma série de polêmicas nas canções que embalaram a infância de muitos adultos hoje.
Vamos lá: "Boi, boi, boi, boi da cara preta. Pega essa menina, que tem medo de careta..." (???) Como explicar que, na verdade, a música "boi da cara preta" é para tranquilizar uma ingênua criança no seu mais puro sono? Ou uma ameaça? Algo como "dorme logo, senão o boi vem te comer"? Como acalmar uma criança para que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina? Então começamos a pensar em outras canções infantis, pois não nos sentíriamos bem cantando ou ameaçando alguma menina com um temível boi toda noite...
Que tal: "Nana neném que a cuca vai pegar..."? Outra ameaça. Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto! Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva e de uma longa reflexão, descobrimos toda a origem dos problemas do Brasil. TRAUMA DE INFÂNCIA! Trauma causado pelas canções da infância. Vou explicar: Nós somos ameaçados, amedrontados e encaramos tragédias desde o berço! Por isso levamos tanta porrada da vida e ficamos quietos. Exemplificaremos nossa percepção:
"Atirei o pau no gato-to-to. Mas o gato-to-to. Não morreu-reu-reu. Dona Chica-ca-ca. Admirou-se-se. Do berrô, do berrô que o gato deu: Miaaau!" Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais (pobre gato) e crueldade. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de "D. Chica". Uma vergonha!
"Eu sou pobre, pobre, pobre. De marré, marré, marré. Eu sou rica, rica, rica. De marré, marré, marré."
Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces! É impossível não lembrar do seu amiguinho rico da infância com um carrinho cabuloso, de controle remoto, e você brincando com seu carrinho de madeira ou plástico... Fala sério!
"Vem cá, Bitu! vem cá, Bitu! Vem cá, meu bem, vem cá! Não vou lá! Não vou lá, Não vou lá! Tenho medo de apanhar."
Quem é o adulto viloento que criou essa rima? No mínimo ele espancava o pobre Bitu... Quantas ciranças cresceram aterrorizadas com medo de apanhar?
"Marcha soldado,Cabeça de papel! Quem não marchar direito, vai preso pro quartel."
De novo: ameaça. Ou obedece ou você vai se ferrar... Não é à toa que brasileiro admite tudo de cabeça baixa...
E continua: "O quartel pegou fogo. A polícia deu sinal. Acode, acode, acode, a bandeira nacional".
Que patriotada é esta? Não se salvam pessoas? E os direitos humanos?!
Querem outra? "A canoa virou, por deixar ela virar, foi por causa da (nome de pessoa) que não soube remar."
Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a apontar o dedo e condenar um semelhante. "Bate nele, mãe!"
Essa é clássica: "Samba-lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada. Samba-lelê precisava é de umas boas palmadas."
A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com uma fratura de crânio, necessita de cuidados médicos mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de um castigo! Acho que o Samba-lelê deve ser irmão do Bitú...
"O anel que tu me deste era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou..."
Como crescer e acreditar no amor depois de ouvir essa passagem anos a fio?
"O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada; o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada. O cravo ficou doente, a rosa foi visitar; o cravo teve um desmaio, a rosa pôs-se a chorar."
Desgraça, desgraça, desgraça!!! E ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe).
"Pombinha branca, o que está fazendo? Lavando a louça para o casamento. Passou um homem de terno branco, chapéu de lado meu namorado! Mandei entrar! Mandei sentar! Cuspiu no chão! Limpa aí seu porcalhão!"
A Rainha do Lar, prendada e dedicada, pega o primeiro que aparece, traz para casa e se arrepende. Parece familiar, não?
"A barata diz que tem um anel de formatura. É mentira da barata, ela tem é casca dura. A barata diz que tem sete saias de filó. É mentira da barata. Ela tem é uma só, Hahaha Hohoho! Ela tem é uma só!"
O personagem da canção é uma barata mentirosa contumaz. Além de humanizar a mentira da barata, a canção ainda debocha da pobrezinha.
Será que a a raiz dos problemas brasileiros está na formação moral construída a partir das letras das canções de ninar! Mensagem subliminar, incutida na mais tenra idade? Precisamos apenas trocar as canções de ninar, e as futuras gerações estarão salvas. O que vocês acham? Concordam, discordam ou talvez sim, talvez não ? Fica a nossa percepção para você pensar! ;)
Ain que pior nunca parei pra analizar essas coisas, mas realmente tem um fundo de verdade!!! Muito interessante essa percepção, mas devemos lembrar que são coisas criadas pelos nossos tatatatatatatatataravós, é antigo demais e a sociedade era muito promiscua naquela época!!!!!
ResponderExcluirJá parei pra pensar nisso nas cantigas de ninar, não sabia que havia muito mais huahuahua
ResponderExcluirOtimo post ;)
Tem tudo de verdade... estudei psicopedagogia e esse tipo de musica eh totalmente tralmatizante... minha mae por exemplo vivia cantando a musica do boi da cara preta e num conseguia entender pq eu nao parava de fazer xixi na cama... hj tenho 30 anos to aqui na Europa e matando a saudade de ler essas musicas... saudades em termos neh... horrendas kakakaka grande abraco e continuem com esse trabalho mara...
ResponderExcluirNossa, mas uma vez um post incrivel...
ResponderExcluirComo nunca parei para analisar as cantigas de nenem ?
E agora paro para analisar e vejo como era frustante a nossa infância, baseada em cantigas horrendas...
Tipo como "dorme nenem que a cuca vem pega, papai foi a roça e mamÂe volta já..." Como a criança conseguirá durmi tranquila, sabendo que um monstro virá pega-la e seus pais não estarão lá para ajudá-la.
Graças a Deus as crianças de hoje em dia não precisam durmir ouvindo estas cantigas, pois seus pais não tem mais tempo para isso...Ou podemoas dizer probres destas crianças que nunca ouviram estas cantigas, pois seus pais nunca estão em casa neste horario ?
Parabéns mais uma vez, este post está esplêndido.
Dryelen Silva
Na minha opinião as músicas de ninar não interferem no comportamento das crianças e sim as ações que os pais praticam.
ResponderExcluirAs crianças ficam atentas a tudo e principalmente ao comportamento dos pais. Uma boa educação com limites é muito importante.
Bom...em primeiro lugar quero dizer que o texto esta ótimooo...para mim não interfere em nada, pois tenho sobrinhos pequenos e cantamos para eles, eu e minhas irmas também ouvimos essas canções de ninar,na minha opinião essas letras não interfere em nada e sim as atitudes, as palavras usadas no dia a dia com essas crianças,as ações que os adultos próximos das crianças tem com elas ou com outras pessoas perto delas,o modo de como elas são educadas, o ambiente que elas vivem, para mim isso sim interfere no comportamento.
ResponderExcluirConcordo plenamente com os textos,essas músicas são tralmatizante.Acho que influência sim na vida da criança,e nas atitudes dos pais por ñ observarem o que estão cantando para elas.
ResponderExcluirFica até difícil comentar porque vocês já fizeram ótimos comentários no post.
ResponderExcluirPrimeiro devo dizer que dependendo da idade da criança o que vale mais é a sonoridade. Nesse caso as cantigas estão perdoadas. Mas, pensando bem nem mesmo os adultos que comentaram aqui tinham percebido o teor das músicas então será que elas foram tão devastadoras?
Penso que as letras das músicas revelam algo que está enraizado em nossa sociedade: o medo e a repressão. Como dizia Freud "A educação está ligada ao processo de repressão indispensável à civilização no sentido de que, por ela, o indivíduo é capaz de abrir mão de seus instintos em nome da coletividade."
Bom esse é um assunto que não se esgota, mas de qualquer forma a criança precisa ter limites para se tornar uma pessoa de bem.
Isso prova que o brasileiro tem cultura sim, a cultura de repetir tudo que vê e ouve, sem analisar a situação como um papagaio burro que repete tudo o que lhe falam (nem todos, claro).
ResponderExcluirAparentemente estas músicas já estão caindo em desuso. Mas como o amigo acima comentou, não é só a letra e sim a postura dos pais que podem influenciar na formação das crianças.
Abraço a todos e parabéns pelo blog.
Oi, meu nome é Maria, gostaria de um email para falar com um de vcs, pode ser?
ResponderExcluirOlha, isso é mesmo horrível, eu vivi com essas músicas, mas por sorte, Deus me deu uma coragem extrema, e quando a minha babá apagava a luz e me deixava sozinho no quarto ( mesmo ela falando em que a cuca vem pegar ) eu não tinha medo algum, por isso agradeço a Deus por essa coragem. As músicas como pau no gato, incentivava ( e ainda incentiva ) a maltratar não só o gato, mais outros animais da nossa fauna terrestre, por sorte também, eu sempre fui contra essas canções, como bater no pobre gato, e então, Samba-lele nem se fale,o pobre garoto com a cabeça quebrada, precisando de cuidados, mais amor e compaixão, ainda leva palmadas, é por isso que o povo brasileiro tem medo de tudo, se alguém levanta a voz, você provavelmente logo abaixa! Pais ou responsáveis, se você canta essas músicas para seu filho, pare logo com isso, isso apenas vai ajudar o seu filho ter mais medo mesmo ele não demonstrando isso, as crianças costumam sofrer em silêncio, por isso não se engane, fale ou cante músicas boas para as crianças ( mesmo assim reflita o que ela diz, as vezes a cantiga pode conter fatos estranhos/errados ), tipo fale antes de dormir " sonhe com os anjinhos... Deus te ilumine... Deus está com você sempre para o seu bem e não permite mal para você... " Eu não fui sempre corajoso como pensam, por isso em certas ocasiões tive medo... também cuidado com ditados populares, tipo " a voz do povo é a voz de Deus "... Mas, como isso seria possível se nem o povo conhece Deus, " a esperança é a última que morre ", a esperança nunca morre, mesmo que estejas numa situação de dificuldades, a esperança sua não morreu e nunca vai morrer, mesmo depois de falecido(a), ensine ao certo as crianças, nunca exija demais dela, tipo, " vai fazer a lição de casa senão você apanha ", a pobre criança só vai fazer a lição porque se ao contrário levaria uma surra, mesmo que ela seja preguiçosa ou até mesmo mal educada, nunca diga isso para ela, tente fazer os melhores modos possíveis, ou procure ajuda, mas não faça a ela tortura psicológica ou tortura física, além do mais, ela não vai se dedicar mais porque você disse que ela levaria uma surra, ela só vai fazer porque senão apanhara, tenha um equilibrio em seus modos, coloque Deus no coraçãozinho desses preciosos, transmita mais coragem, mais cuidado ao fazer isso ao transmitir coragem, muitos pais entendem que o filho precisa ver coisas mais maduras ou pesadas para se tornar corajoso, muito pelo contrário, não se faz isso, isso só vai dar mais medo á criança... ensine bons modos ou procure ajuda de boas pessoas e quem entende do assunto, mas não é só isso que interfere o comportamento, TALVEZ não ( mas nunca se sabe ), tipo o ambiente em que vive, as atitudes que presencia, ver coisas imprestáveis na TV entre outras, é um dos mais problemas disso, veja nas tiras do Euricéfalo, que certas tiras falam sobre as canções de ninar, parabéns Euricéfalo por questionar o assunto, como numa tira onde a mamãe canta para o seu filho " dorme neném que a cuca vem pegar, papai foi na roça e MAMÃE foi trabalhar ", primeiramente o menino dorme, mas na madrugada o menino acorda assutado dizendo " Esperaí, então quem estava cantando para mim ? ", Já que a sua mãe estava cantando disse que sua mãe naquele momento estava trabalhando, por isso que muitas vezes as crianças perguntam aos seus pais se eles são memsos seus pais verdadeiros! As vezes você nem sabe o porque! Fique alerta!
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